Suíça em 3 dias

Quando falamos na Suíça, é comum imaginarmos montanhas nevadas, vales floridos e verdes, lagos e rios cristalinos, cidades organizadas com uma arquitetura única. E sim, tudo isso é verdade! Mas o que muita gente não sabe é que dá para aproveitar o melhor desse país encantador mesmo com pouco tempo e sem gastar uma fortuna.

Se você tem apenas três dias disponíveis, saiba que ainda assim vale incluir a Suíça no seu roteiro pela Europa. Seja para explorar cidades históricas como Berna, descobrir lagos escondidos entre os Alpes ou se perder pelos vilarejos, o país conta experiências inesquecíveis em qualquer época do ano.

Apesar de ser um dos destinos mais caros do mundo, com um bom planejamento, é possível organizar uma viagem mais acessível: aproveitando o transporte público, as opções de passeios gratuitos, trilhas em meio à natureza e tudo que as cidades tem a oferecer.

Neste artigo, vou compartilhar um roteiro especial para quem quer conhecer a Suíça de forma leve, prática e econômica, com foco em Berna, a charmosa capital suíça, e um bate-volta imperdível para Kandersteg, onde fica o deslumbrante Oeschinensee. Um roteiro para provar que não é preciso muito tempo (e nem muito dinheiro) para se apaixonar pela Suíça.

Aqui você vai encontrar:
- O que fazer em Berna na Suíça
- Diferenciais e bate-voltas imperdíveis saindo de Berna
- Quando e como chegar na Suíça
- Onde ficar e o que levar na viagem para a Suíça
- Como se locomover e como economizar na Suíça

O que fazer em Berna na Suíça?

Berna é uma capital que foge do padrão das grandes cidades europeias. Pequena, charmosa e rodeada por natureza, combina história medieval, um centro histórico preservado e um ritmo de vida mais tranquilo, onde a qualidade de vida é visível nas ruas, praças e cafés. Além disso, é uma das cidades suíças mais acessíveis para quem quer explorar a região central do país com deslocamentos rápidos para os Alpes.

Na cidade, além de poder curtir os bares e restaurantes ao ar livre, aproveite para caminhar e conhecer a Cidade Antiga (Altstadt), a Torre do Relógio (Zytglogge) e a Catedral de Berna. No verão, é comum que os moradores nadem no Rio Aare e aproveitem os gramados do Jardim Botânico e do Rosengarten para pegar um sol. O acesso a eles é gratuito.

Ao se hospedar em Berna em um hotel, hostel ou airbnb registrado, será cobrada uma taxa turística local pela própria acomodação, inclusa no valor total ou paga à parte na sua chegada. A confirmação deste pagamento concede o Bern Ticket para cada pessoa da hospedagem.

O Bern Ticket é um cartão de transporte gratuito para ônibus e trens dentro das cidade de Berna (zonas 100/101), além de acesso ao Funicular Gurtenbahn (subida ao monte Gurten), ao Funicular Marzilibahn e o elevador até a plataforma da Catedral de Berna. Para ativar basta instalar o aplicativo Bern Ticket e inserir o número da reserva disponibilizado pela acomodação. Com o cartão ativo, é só acessar os meios de transporte da cidade e caso seja abordado por um fiscal, apresentar o cartão no celular.

A Suíça tem quatro idiomas oficiais: alemão, francês, italiano e romanche. Em Berna (e na maior parte da Suíça central), a língua predominante é o alemão. Já em cidades como Genebra e Lausanne, o francês é mais comum, e Lugano fala italiano.

Ruas da cidade de Berna

Rio Aare visto da ponte

Diferenciais de Berna

1. Cidade medieval patrimônio da UNESCO

2. O Rio Aare de águas cristalinas contornando o centro da cidade

3. Localização: é a base perfeita para bate-voltas para os Alpes

4. Atmosfera acolhedora e menos turística que Zurique ou Genebra

Bate e volta para Kandersteg e o lago Oeschinensee

Optando pelo transporte público, pegue o trem direto de Berna para Kandersteg (aprox. 1h10). Chegando na cidade, recomendo iniciar o seu roteiro pela visita ao lago Oeschinensee, para no seu retorno apreciar as belezas deste vilarejo. Chegue cedo para evitar filas no teleférico e pegar as melhores vistas no lago ainda sem muita gente.

Para isso, saindo da estação siga andando para o local onde está a subida de teleférico. Deste ponto, você pode optar por comprar o ticket e subir até a montanha com o teleférico (confira horários e valores aqui), ou realizar a trilha auto-guiada até o topo, de nível moderado, com cerca de 4 km, levando aproximadamente 1h30 a 1h45.

Nós optamos por seguir a trilha até o lago, onde o trajeto por si só já é um espetáculo da natureza e entre a primavera e o verão, as paisagens são incrementadas por cachoerias que se formam do degelo da neve nas montanhas. Chegando no topo, você pode caminhar até o Lago Oeschinensee, e aproveitar a vista que parece uma obra de arte. No verão, é possível tomar banho no lago, passear com barquinhos e explorar as demais trilhas da região.

No local, não há muita estrutura para receber os turistas, mas há um restaurante e outra lanchonete, onde você pode adquirir alimentos e bebidas. Leve Francos Suíços ou Euros em espécie para realizar os pagamentos. Se o plano for passar mais tempo e não gastar muito, se organize e leve o que for necessário para passar o dia bem. Mas claro, uma cerveja gelada para apreciar a vista depois de uma trilha, compensa.

Para os aventureiros, o retorno da trilha pode ser realizada por outro trajeto, permitindo que você realize a trilha panorâmica do lago. No momento que visitei, não foi possível concluir este trajeto pois estava interditado em determinado ponto devido à avalanches e deslizamentos de terra.

No retorno para a cidade, não deixe de conhecer as ruas deste vilarejo encantador, ver as ovelhas e vacas entre os pastos, caminhar na beira do riacho e conhecer a cultura local.

Dicas extras de passeios perto de Berna

• Thun: cidade medieval com castelo e lago deslumbrante (30 min de trem).

• Interlaken: ponto de partida para os Alpes (1h de trem).

• Gruyères: vila medieval e famosa pela produção de queijo Gruyère (1h30 de trem).

• Lago Blausee: pequeno lago azul de água cristalina e trilhas curtas, próximo a Kandersteg.

Vista para o lago Oeschinensee

Lago Oeschinensee com as montanhas nevadas ao fundo

Quando ir à Suíça?

Como citei no início do artigo, o país conta experiências inesquecíveis em qualquer época do ano. Pense e planeje o que faz mais sentido para você:

• Verão (junho a setembro): ideal para trilhas, passeios de barco e nadar nos lagos.

• Outono (setembro a novembro): paisagens alaranjadas e clima fresco.

• Inverno (novembro a março): esportes de neve e trilhas na neve.

• Primavera (março a junho): cidade florida e clima agradável.

Pela minha experiência, os meses de maio e junho são uma ótima opção para quem busca temperaturas mais amenas, sem precisar abrir mão de ver a neve nas monstanhas. Além disso, é uma época em que as trilhas são mais seguras e é possível curtir os lagos, rios e parques.

Como chegar na Suíça?

• De avião: Os maiores aeroportos e que contam com boas opções de vôo de outros pontos da Europa ou até mesmo do Brasil são Zurique (na região central) ou Genebra (na região francesa).

• De trem: A Suíça é muito bem conectada por trens, permitindo a conexão por países vizinhos como a França, Itália, Alemanha e Áustria.

Vista da colina de Lindenhof, chegando em Zurique

Vista do trem para o Lago Léman, chegando em Genebra

Onde ficar na Suíça?

Antes de escolher o local da sua hospedagem, avalie os lugares e cidades que você gostaria de conhecer, além de considerar o meio de locomoção que irá utilizar. Como a Suíça é um país pequeno, você pode escolher uma cidade mais central e próxima aos locais que gostaria de conhecer, ou ir se hospedando em locais diferentes a cada dia.

Escolhemos nos hospedar na região central do país, na cidade de Berna. Durante a estadia, ficamos no Stay Kooook Bern Wankdorf, uma opção moderna e acessível que super recomendamos! Os quartos são ótimos, o espaço compartilhado é muito bem equipado e a estação de trem fica em frente ao prédio.

O que levar na viagem para Suíça?

• Passaporte válido, comprovante de hospedagem e seguro viagem contratado. Nesse momento (julho/2025) o visto ainda não é necessário para brasileiros, mas você pode acompanhar as atualizações no site do ETIAS

• Um cartão multimoeda como da Wise, para suas compras com cartão e saques

• Um eSIM para garantir a internet mesmo sem conexão Wifi, como o da Airalo que eu super recomendo

• Protetor solar e óculos de sol

• Adaptador de tomada

• Mochila pequena para os passeios do dia

• Tênis confortável e roupas para caminhada

• Roupas de banho no verão para nadar nos lagos ou rios

• Roupas térmicas e casacos impermeáveis no inverno

• Garrafinha d’água (quase todas as fontes são potáveis)

Vilarejo de Kandersteg na primavera

Vilarejo de Kandersteg na Primavera

Como se locomover na Suíça?

As melhores opções para se locomover na Suíça são os trens ou o aluguel de carro. Considere a quantidade de pessoas na viagem e os destinos que gostaria de conhecer, afinal o valor de ambos pode ser bem alto. Para trajetos curtos, aproveite para caminhar e apreciar as paisagens. Para quem opta por utilizar o trem, assim como eu, pode considerar comprar as passagens antecipadas no modo Supersaver ou o Swiss Travel Pass.

O que é o Supersaver Ticket?

É uma das melhores formas de economizar nas passagens de trem na Suíça, especialmente para quem não vai usar o Swiss Travel Pass ou está planejando só alguns trechos de trem. Consiste em um bilhete de trem com desconto, oferecido pela empresa ferroviária suíça SBB. Ele é válido para trajetos e horários específicos e costuma ser bem mais barato do que o bilhete padrão. É como uma "promoção" e quanto antes você compra, maior o desconto. Em alguns casos, a economia pode passar de 50%. Os tickets podem ser adquiridos no site ou aplicativo da SBB, utilizando a opção "Show Supersaver Tickets”.

O que é o Swiss Travel Pass?

Ideal para quem planeja explorar ao máximo o país, fazer viagens mais longas de trem e realizar os passeios às montanhas O Swiss Travel Pass é um passe de transporte ilimitado para turistas, válido por 3, 4, 6, 8 ou 15 dias consecutivos. Com ele, você pode pegar praticamente todos os trens, ônibus e barcos do sistema de transporte público da Suíça sem pagar por bilhetes individuais. Ele pode ser adquirido no Swiss Travel System ou pelo aplicativo SBB Mobile. O passe inclui:

• Trens regionais e de longa distância

• Ônibus e bondes elétricos em mais de 90 cidades

• Passeios de barco em lagos como Luzern, Genebra, Thun

• Entrada gratuita em mais de 500 museus

• Descontos em bondinhos, teleféricos e funiculares nos Alpes

• Desconto em passeios panorâmicos (Glacier Express, Bernina Express, GoldenPass Line, etc.)

Como calcular o que vale a pena para minha viagem?

O Swiss Travel Pass vale a pena se você for usar bastante transporte público e visitar atrações que ele cobre. Veja como calcular: Monte o seu roteiro (quantos deslocamentos longos e passeios pagos pretende fazer), pesquise os preços individuais dos trechos e atrações, some tudo e compare com o valor do passe para os dias do seu roteiro. Dica: Se você vai fazer 3 ou mais viagens de trem médias/longas + visitar 2 ou mais atrações pagas, ele geralmente já compensa.

Como economizar na Suíça?

• Faça compras em mercados locais (Coop ou Migros) onde há diversas opções mais baratas de alimentação e bebidas, inclusive deliciosos chocolates suíços.

• Leve lanches e água para passeios no lago e trilhas.

• Use as fontes de água potável nas ruas.

• Almoce nos menus do dia.

• Use transporte público ou caminhe, que além de barato, é um jeito ótimo de conhecer os locais.

• Pesquise hospedagens com antecedência e, se possível, viaje fora da alta temporada. Escolha um espaço que conte com cozinha, mesmo que compartilhada. Poder preparar algumas refeições em casa reduz muito os custos com alimentação.

• Compre as passagens de trem antecipadamente e garante descontos. Se for visitar várias atrações e cidades, contabilize os custos e avalie a compra do Swiss Travel Pass.

• Ter um cartão multimoeda como o da Wise, que permite converter e pagar em diversas moedas com câmbio comercial e taxas reduzidas, além de oferecer a opção de cartões físicos e virtuais para compras e saques.